O hemangioma é uma palavra derivada do latim que significa respectivamente “hemagio” – vaso sanguíneo e “oma” – tumor. Também chamados de angiodisplasias ou tumores vasculares, é a formação de um tumor benigno pelo acúmulo anormal de vasos sanguíneos na pele ou outros órgãos do corpo.
São mais frequentes no nascimento e na infância, acometendo cerca de 3 a cada 100 crianças nascidas, sendo o grupo de risco mais comum: meninas e bebês prematuros. Já no nascimento podem apresentar manchas róseas ou cor de vinho na pele e também na mucosa, podendo variar o tamanho e a localização.
Normalmente aparecem nas regiões da face, mucosa, pescoço e couro cabeludo, mas podem afetar outras regiões da pele e em alguns órgãos internos, como por exemplo, o fígado. Crianças com múltiplas manchas ou lesões na pele apresentam maior risco para lesões internas associadas e o dermatologista ou o pediatra podem solicitar exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética para descartar uma lesão visceral.
Tipos de Hemangiomas
Os hemangiomas são classificados basicamente em quatro grupos principais:
1. Hemangiomas Planos
São manchas avermelhadas e planas, geralmente já observadas no nascimento, normalmente causadas por uma má formação congênita. São decorrentes de uma má formação do tecido vascular, o que favorece o aumento da rede de capilares na pele.
2. Hemagiomas Tumorais
São os tumores que apresentam um volume ou saliência aparente.
3. Fragiformes e Tuberosos
São proliferativos, se desenvolvendo normalmente no período pós-natal, nas primeiras semanas de vida. São mais frequentes nas meninas, na maioria dos casos o bebê pode nascer com uma lesão precursora como uma mancha rósea ou um ponto avermelhado pequeno. Podem ser superficiais e/ou profundos, suaves ou extensos. Podem regredir ou evoluir de forma alarmante, representando risco à saúde e à vida do bebê.
4. Cavernosos
São visivelmente arroxeados, comprometendo a pele e as estruturas internas do corpo, como os tecidos subcutâneos, músculos, ossos e alguns órgãos. São decorrentes de má formação congênita e são notados já no nascimento, aumentando de tamanho conforme a idade vai avançando.
Os hemangiomas próximos aos olhos ou vias respiratórias podem bloquear a visão e a respiração, havendo necessidade de busca médica precoce para minimizar os sintomas.
Diagnóstico e Tratamento de Hemangioma
O diagnóstico do hemangioma é clínico de acordo com os sinais apresentados na pele do paciente.
O tratamento mais indicado para hemagiomas planos é a tecnologia a laser. Outra opção pode ser a eletrocoagulação e o tratamento clínico com propranolol, sendo uma boa opção para crianças.
O tratamento precoce do hemangioma com a laserterapia colabora com a coagulação sanguínea da região, reduzindo o fluxo sanguíneo na área afetada e evitando, assim, o escurecimento da mancha, a hipertrofia e a formação de nódulos. Ao longo da vida, podem ser necessárias sessões extras para o controle do hemangioma e como há uma predisposição genética, a lesão pode voltar a se formar no mesmo local.
Hemangiomas tumorais podem ser tratados com injeções de corticosteróides ou laserterapia, reduzindo assim o tamanho e permitindo melhor qualidade de vida aos portadores. Pode ser necessário o uso de corticosteróides orais em casos de grandes hemangiomas cavernosos ou mistos.
Dependendo da gravidade podem ser necessários exames complementares como ultrassonografia, ressonância magnética ou tomografia computadorizada. O tratamento precoce é a melhor maneira de conter o hemangioma e evitar futuros desconfortos psicológicos devido à deformação causada nos casos mais graves.
Casos mais graves são geralmente encaminhados para tratamento com cirurgião pediátrico. A cirurgia para a remoção de hemangiomas é bem restrita devido à idade do paciente, podendo ser usada uma abordagem terapêutica com associações para inibir a proliferação, impedir a progressão e até eliminar a lesão. Drogas antiangiogênicas aliadas ao laser e o uso de prednisona e propranolol, podem demonstrar ótimos resultados nesses casos.
Como evolui o hemangioma?
Sua aparência inicial é de cor rosa, escurecendo para os tons vermelho e vinho conforme vai evoluindo, podendo se tornar saliente e esponjoso. Quando o bebê já nasce com sinais de hemangiomas ele geralmente tende a ficar mais aparente e aumentar o seu tamanho durante o primeiro ano de vida. Alguns hemangiomas menores e superficiais, têm redução espontânea, desaparecendo conforme os meses vão avançando.
Não tem como prever a evolução, mas pode haver complicações. Por isso, o tratamento precoce e o acompanhamento com um médico são essenciais. Hemagiomas nas pálpebras, por exemplo, podem ser prejudiciais à visão, outros próximos do nariz e da boca podem interferir na respiração e na alimentação.
Como o hemangioma é parte de um vaso sanguíneo, outra complicação é o sangramento diante de mínimos traumas, havendo a necessidade de coagulação do local e procura médica para evitar perda de grande quantidade de sangue.
Dra. Rafaela Salvato – Dermatologista em Florianópolis – Hemangioma